Quando o assunto é mobilidade, todos os agentes têm sua parcela de responsabilidade. Normalmente, cobra-se iniciativas do poder público no que diz respeito à ampliação da infraestrutura e da oferta de transporte coletivo, porém empresas privadas e outras organizações, responsáveis pelo deslocamento diário de milhares de pessoas, também podem contribuir (para não dizer que devem!).
Hoje nas grandes cidades brasileiras, aproximadamente metade de todos os deslocamentos realizados diariamente têm como motivo o trabalho (Fonte: Embarq Brasil). O tempo gasto nesses trajetos consome de 10 a 15 dias por ano de cada funcionário, sendo que uma das principais causas para esse grande desperdício de tempo é o fato de a maioria das instituições contar com uma jornada de trabalho com horários similares. Outro ponto crítico é que a maior parte dos automóveis é ocupado por uma única pessoa. Em São Paulo por exemplo, 64% dos deslocamentos de carro são feitos apenas com o motorista segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Essa combinação de fatores, não só gera congestionamentos nos entornos dos locais de trabalho e nas suas vias de acesso, mas também aumenta a necessidade de vagas de estacionamento. Isso sem contar o agravamento da poluição atmosférica com as emissões de CO2.
Dentro desse contexto, a nova tendência mundial é introduzir políticas de Gestão da Demanda de Viagens (GDV, do inglês Transport Demand Management, TDM) como parte da cultura das instituições. A gestão da demanda de viagens tem como objetivo estimular um uso mais consciente do automóvel, de maneira a tentar reverter o atual cenário predatório da mobilidade urbana, trazendo benefícios para a instituição, seus funcionários e a cidade como um todo. Ainda que empresas não tenham controle sobre a opção que seu funcionário elege para se dirigir ao trabalho, elas possuem toda a capacidade para contribuir ao fomentar novos hábitos de deslocamento, disponibilizando informações, incentivos e ferramentas que levem ao uso de meios de transporte mais sustentáveis e eficientes.
Segundo a WRI Brasil Cidades Sustentáveis, que faz um trabalho incrível de desenvolvimento de soluções de mobilidade sustentável nas cidades, um plano de mobilidade corporativa é parte da política de GDV e consiste em um conjunto de medidas integradas que visa a apoiar hábitos mais sustentáveis e eficientes para deslocamentos ao trabalho, equilibrando os incentivos ofertados para a utilização de todos os meios de transporte. É composto por ações que estimulam, por exemplo, a caminhada, o uso da bicicleta, a opção pelo transporte coletivo e a otimização do uso do automóvel com a carona ou compartilhamento de veículos. Mudanças no horário da jornada de trabalho (horário flexível, horário escalonado) também podem estar previstas no plano. Algumas práticas, inclusive, são capazes de eliminar a necessidade de realizar o deslocamento em si (teletrabalho e videoconferência). Dependendo da estratégia adotada, planos de mobilidade corporativa têm o potencial de reduzir entre 10 e 24% do número de viagens de automóvel com um único ocupante.
Uma vantagem muito clara para as organizações ao adotar iniciativas como essas é a menor necessidade de vagas de estacionamento, que normalmente tem um custo elevado de construção ou locação e em alguns casos são bastante escassas. Além disso, há evidências de que o melhor aproveitamento do tempo traga maior produtividade aos funcionários e contribua para a retenção de talentos.
Apesar de ser um tema ainda em amadurecimento no Brasil, a GDV já é realidade em diversos outros países. Não é por acaso que 9 em cada 10 organizações na lista da Revista Fortune como melhores empresas para se trabalhar (100 Best Places to Work) possuem uma política de mobilidade corporativa bem pensada e implementada. Se sua empresa ainda não tem um programa de GDV, é hora de começar a pensar!
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